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Corpo (In)comum

Performance, 2020

Por Lucas Fernandes

Orientação: Cristina Elias

O solo em tango soa quase como uma afronta para aqueles que concebem esta dança originalmente, e talvez por muitos exclusivamente, executada em dupla. A questão é somada ao cenário sexista e machista da tradição tangueira, onde homem e mulher cumprem seus papéis designados previamente como parte chave do que define a estética tão conhecida do tango argentino.

Somadas as provocações, propondo um olhar solo e não-binário ao mesmo tempo, a obra destaca a trajetória individual que compõe a experiência da descoberta de uma linguagem fora dos padrões. Tecendo desde sua gênese e narrando os passos da performer na arte da dança, "Corpo (in) comum" trata-se de uma autobiografia bailada, passando da ludicidade da infância e da brincadeira até o momento em que o brinquedo se converte em tango para dar espaço a uma identidade que questiona o próprio lugar da arte enquanto potência crucial na formação da personalidade e enquanto ferramenta de descoberta diante do corpo e suas histórias.

Mesclando a tensão suspensa do nascimento e o breve respiro entre o mesmo e a indissociável morte, com humor e a sátira de uma infância peculiar que provocou arrepios de perplexidade, a dançarina executa sua própria história de vida, dividindo com o público as glórias e as aflições de crescer enquanto corpo (in) comum.

Lucas Fernandes, Lupe, é artista do corpo e performer da linguagem do tango dança. Sua pesquisa provocadora das tradições das danças sociais reinventa um lugar no meio sexista e machista do tango argentino. Enquanto uma figura queer e não binária, sua presença bailando com saltos e travestindo-se de um feminino curiosamente virtuoso chamou a atenção das bases ao topo da linguagem do tango, tornando-se expoente na linguagem e parte crucial na história do movimento "Tango Queer" que reinventa outros tangos possíveis.

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