YLEN BRITO
transmissão
Ylen partcipou da 4. oficina de corpo e arte deste projeto, realizada no dia 08 de Julho de 2021.
Em seu primeiro desenho, Ylen desenhou uma janela, com alguns retângulos dentro dela. Ylen gosta de olhar pela janela e imaginar o que as pessoas que vê estão fazendo, pensando, sentindo. Os retângulos, representações das pessoas.
Seu segundo desenho, em que se deveria desenhar apenas um fragmento do primeiro, ou seja, uma redução da imagem total, surpreendentemente expandiu o foco com relação ao primeiro e incluiu na paisagem uma planta que não estava antes.
O terceiro desenho de Ylen, depois da viagem desses traços pelo corpo, traz uma sereia com braços que não têm mãos e que parecem se expandir ad infinitum:
Chama a atenção a imagem da sereia, que seria uma ser híbrido entre peixe e humano. Quando Ylen diz que gosta de passar tempo olhando para a vida lá fora, isso remete para um aquário, algo que se olha através de um vidro. As pessoas, no seu primeiro desenho, estão lá longe, lá fora, não individualizadas. Apenas retângulos. No seu quarto desenho, a vida lá fora parece ter sido incorporada por Ylen: as pessoas-retângulo assumem a forma de uma única sereia.
A janela, que nasce de uma pergunta, uma interrogação, se transforma num tracejado descontínuo e com aberturas que se parece mais com um portal do que com uma moldura. A “sereia-vida-aqui-dentro-e-lá-fora”, “sereia-eu-e-outro”, desenha este portal com o movimento invisível de seus braços sem mãos. Não existe mais um aquário fora do corpo que se observa. O movimento se dá num espaço que é dentro e fora, cercado por uma película permeável, penetrável. Um túnel de transmissão.